segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Retorno + Seitas -"A Cronologia do Horror"

Amados irmãos depois de muito tempo longe do blog devido a correria do dia a dia, trabalho e outras tarefas, agora decidi voltar ao blog e continuar com o proposito de compartilhar o conhecimento, conteúdo e troca de ideias e pensamentos a cerca da apologia.
Como este é um espaço aberto onde todos são bem vindos comentários e cunho ofensivo ou que tenham como intuito distorcer ou agredir serão removidos.
O conteúdo publicado neste espaço é fruto de pesquisa em livros, outros blogs, artigos compartilhados por outros pesquisadores ou seja não são ideias vazias e devaneios de leigos ou da cabeça de uma unica pessoa.
Bom sem mais prolongas vamos ao que interessa, desfrutem do conteúdo, comentários e perguntas são sempre bem vindos e vou tentar responder a todos o mais rápido possível.
Fiquem todos na Paz de Deus! 

Seitas -"A Cronologia do Horror"

Logo abaixo uma pequena amostra do que tem acontecido nas últimas décadas entre estes movimentos e o fim macabro que tiveram.

1977 - José Maurino Carvalho e Maria Nilza Oliveira Pessoa, foram considerados os mentores do assassinato de 8 crianças em 30 de abril de 1977 na praia de Stella Maris, no caso que ficou conhecido como "Caso Matota e Marata". Eles eram líderes da "Igreja Universal Assembléia dos Santos". A seita pregava o abandono de "obrigações mundanas" como o casamento civil e o voto. O líder dizia ainda que Jesus havia ordenado as mortes.

1978 - Quem não se lembra do caso "Jim Jones" em 1978? Esse líder fanático que se intitulava "pastor" do "Templo do Povo", e possuía guarda costas chamados de "anjos" levou aproximadamente 900 pessoas ao suicídio na Guiana.

1982 (?) - Membros de uma seita satânica conhecida como "The Ripper Crew" foram acusados do desaparecimento de 18 mulheres na cidade de Chicago. Eles levavam suas vítimas, na maioria prostitutas para o apartamento de um dos membros da gangue e cortavam  os seios da vítima enquanto outro lia uma passagem da Bíblia.

1985 - Na ilha de Mindanao na Filipinas, 60 integrantes da tribo Ata são encontrados mortos em conseqüência de um envenenamento ordenado pelo guru Datu Mangayanon.

1987 - Jeffrey Lundgren era um dos suspeitos por ter matado cinco membros de uma família. Eles faziam parte da "Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias" uma dissidência mórmon. A morte ocorreu em uma das fazendas da seita.

1987 - Em Yongin, arredores da capital Seul (Coréia do Sul), 32 discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja foram encontrados com a garganta destroçada. Uma autópsia revelou que eles beberam um veneno muito potente.

1988 - Um seita dissidente mórmon conhecida como "Igreja do Cordeiro de Deus" chegou a assassinar 24 pessoas. Os membros que propusessem deixar a seita teriam que passar pela  "expiação de sangue" um antigo ritual praticado entre os mórmons no início do movimento sem o qual não poderiam "herdar o reino de Deus na terra".

1990 - 12 membros de uma seita religiosa em Tijuana, cidade do México situada no estado da Baixa Califórnia, foram envenenadas por uma substância tóxica parecida com álcool colocada dentro de uma fruta que fazia parte da cerimônia.

1992 - O líder da seita "Templo do Amor", uma seita israelita que acreditam ser os descendentes das lendárias tribos perdidas de Israel foi acusado de mandar matar 15 pessoas em Miami. A seita pregava a supremacia negra, acreditando que as pessoas branca são a raça do Diabo.

1992 - O pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, 43 anos, e o pintor Vicente de Paula Ferreira, 54 anos, foram condenado pelo júri popular por homicídio triplamente qualificado e por seqüestro, segundo informações da Globonews. Os dois eram acusados de ter matado o garoto Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em um ritual de magia negra em 1992 na cidade de Guaratuba, no Paraná.

1993 - Oitenta seguidores de uma seita adventista, chamada "Ramo Daviniano", morreram carbonizados nos EUA.

1993 - Cinqüenta e três habitantes de um bairro de Ta He, 300 quilômetros a noroeste de Hanói, se suicidaram com armas de fogo para "chegar ao paraíso" prometido pelo chefe Ca Van Liem. Entre as vítimas estavam 19 crianças.

1994 - Cinqüenta e três membros da seita "Ordem do Templo Solar", cometeram igualmente suicídio coletivo. A seita parecia praticar um tipo de culto solar. O assassinato dos membros parecia fazer parte de um ritual que levaria os membros da seita para um outro planeta-estrela chamado "Sirius.". Para apressar a viagem, várias das vítimas, incluindo algumas crianças, foram mortas com disparos na cabeça, asfixiadas com bolsas plásticas pretas e/ou envenenadas. Dois membros da seita antes de morrer deixou escrito que eles estavam "deixando esta terra para encontrar uma nova dimensão de verdade e absolvição, longe da hipocrisia deste mundo".

1994 - Ruanda. Um tribunal da ONU sentenciou um pastor ruandês e seu filho médico por genocídio, por eles terem chamado gangues de hutus para assassinar várias pessoas da minoria tutsi que pediram abrigo em uma igreja durante a carnificina de 1994, em Ruanda.
Elizaphan Ntakirutimana, com 78 anos, e Gerald Ntakirutimana, 45, foram sentenciados por genocídio, cumplicidade em genocídio e crimes contra a humanidade por sua participação nos assassinatos de tutsis na igreja Adventista do Sétimo Dia em Kibuye, Ruanda, em 16 de abril de 1994.
O julgamento foi realizado no Tribunal Criminal Internacional da ONU para Ruanda, que vem analisando casos envolvendo os principais suspeitos no genocídio. Elizaphan, o pastor da igreja de Kibuye, foi sentenciado a 10 anos de prisão. Gerald, que trabalhou em um hospital associado à igreja, foi sentenciado a 25 anos.

1995 - A seita japonesa "Ensino da Verdade Suprema" provocou um atentado com gás tóxico no metro de Tóquio, matando dez pessoas e ferindo cerca de cinco mil. Shoko Asahara o líder da seita, justifica os assassinatos baseado numa crença religiosa budista sobre reencarnação. Ele acredita que desta maneira estaria salvando as lamas daquelas pessoas do Juízo final.

1995 - Um grupo identificado como "homens crocodilos do Congo" foram acusados de matar 33 pessoas em seus rituais. Eles faziam parte de um tipo de bruxos que alegavam ter o poder de se transformar em crocodilos. Um suspeito, um chefe da aldeia de Buma na província de Bandundu, a 330 milhas da capital de Kinshasa, confessou ter matado e comido cinco pessoas.

1996 - Em Sierra Leone o culto dos Jombola um grupo nacionalista com 300 filiados que luta contra os Kamajors foram acusados de assassinar pelo menos 30 pessoas. Semelhantemente eles alegam possuir forças sobrenaturais de se transformarem em morcegos, cães e outras criaturas.

1996 - Os membros de uma seita denominada de "Clan do Vampiro" foram acusados de matar duas pessoas. O líder da seita havia confessado a um amigo que precisava matar pessoas para possuir suas almas e assim abrir os portões do infeno. Os membros do grupo acreditava que eram vampiros e nos rituais cortavam-se mutuamente para chupar o sangue.

1997 - A seita americana "Porta do Céu" cometeu suicídio coletivo, o saldo de mortos chegou a trinta e nove pessoas. Homens de 26 a 72 anos de classe média e alta vestiam tênis Nike e calças pretas ingeriram uma espécie de veneno esperando irem embora da terra na cauda do cometa Halley.

1997 - Uma seita satânica na Sibéria Ocidental na cidade de Tyumen levou ao suicídio cinco jovens. Todos eles foram encontrados pendurados. O tipo de morte parece revelar o envolvimento dos jovens em um dos sete-estágios da cerimônia de iniciação cabalística que culminava em asfixia.

1998 - No dia 05/10/1998, seis membros da seita conhecida como Igreja Youngsang (" Vida Eterna") uma das muitas seitas apocalípticas da Coréia do Sul e seu líder, Jong-min, 57, foram encontrados queimados mortos em uma mini-van em um ritual religiosos. A Polícia coreana disse que o líder deixou sua casa em Seoul em Julho com seis seguidores, dizendo que eles estavam embarcando em uma viagem eterna.

1998 - Em 27 de Dezembro de 1998 o pastor da seita "Igreja Pentecostal Unida do Brasil", no Acre, foi preso. Ele era acusado de incentivar os pais a matar seus filhos. As pessoas eram mortas sempre a pauladas e depois tinham os corpos carbonizados, inclusive 3 crianças num total de 6 vítimas. A seita tinha cerca de 100 adeptos. O pastor alegava ter recebido mensagem de Jesus para consumar a execução. (O Estado de São Paulo 26/11/1998)

2000 - Cerca de oitocentas pessoas que estavam envolvidas com a seita "Movimento Pela Restauração dos Dez Mandamentos" morreram carbonizadas na sede da seita em Uganda na África. Antes de cometerem o suicídio o líder da seita os incentivou a abandonar os seus bens, pois iriam se encontrar com a virgem Maria. Pelo jeito o único mandamento que a seita não quis restaurar foi o "Não Matarás".

2001 - A polícia Hondurenha suspeitava de um grupo religioso chamado "maras". Eles foram acusados de sacrificaram crianças em rituais satânicos. Um menino decapitado em Tegucigalpa foi encontrado sem sangue e com símbolos e marcas escritas em seu corpo iguais às encontradas em gatos e galinhas em rituais satânicos.

2003 - Foi presa pela polícia a vidente Valentina de Andrade, mentora de uma seita ufológica conhecida como Delineamento Universal Superior. Ela e mais cinco membros foram acusados de seqüestrar, torturar, castrar e matar cinco crianças em Altamira, no Pará, entre 1989 e 1993 em rituais de magia negra. Valentina e o marido que é argentino, dizia ouvir vozes de Ets que profetizavam o fim do mundo dizendo que só os adeptos da seita se salvariam, resgatados por naves espaciais. 

Continua...

domingo, 15 de julho de 2012

É Bíblico a Prática da Dança na Igreja?


Irmãos, vivemos dias em que realmente devemos estar de olho em Jesus e, estar de olho em Jesus é estar de olho em sua Palavra, pois ele é a Palavra.
O argumento de quem defende a prática da dança esta fundamentado basicamente em dois textos do Antigo Testamento, a saber: Ex 15.20 e I Cro 15.29. No primeiro texto aparece Mirian dançando e no segundo supostamente Davi esta dançando também.
Mas será que o fato de Davi e Mirian terem dançado no Antigo Testamento traz isso como doutrina para a igreja de Cristo? 



 Vejamos:

1. ETIMOLOGIA
Todas as palavras traduzidas no Antigo Testamento como “dança” ou suas derivações (hebr. Machowl, lyx chiyl, raqad; greg. choros) podem ser traduzidas como: torcer, girar, dançar, contorcer-se, temer, tremer. Isto significa dizer que essas palavras são polissêmicas, isto é, têm vários significados.
Portanto no caso do texto de I Crônicas 15.29 onde Davi aparece dançando adiante da arca poderíamos dizer que de acordo com o original Davi pulou, saltou, rodopiou, etc.Tendo em vista as varias possibilidades de tradução, é obvio que não podemos extrair uma doutrina de um texto veterotestamentário muito menos de uma palavra que tem varias traduções.
Todas as doutrinas Bíblicas devem estar fundamentadas tendo como base os textos do Novo Testamento.

2. ENSINO DO ANTIGO TESTAMENTO
Todas as vezes que se encontra alguém dançando no Antigo Testamento essa dança sempre está relacionada a um contexto de guerra vencida, uma zombaria ao inimigo derrotado (Ex 15.20; Jz 11.34; 1 Crônicas 13.8; 15.29; 2 Samuel 6.14), todavia, não é encontrado no Antigo Testamento nenhum texto em que alguém dance num culto litúrgico, ou seja num culto de adoração ao Deus de Israel.
Para refrescar nossa memória, lembremos como era o culto ao Deus de Israel no Antigo Testamento:
No templo, o culto era o mais impeditivo possível. Os que entravam no átrio eram somente os sacerdotes, den­tre esses somente o sumo-sacerdote adentrava ao santo dos santos. Ao povo em geral não era dado o direito de pisar o átrio. Os homens tinham o seu espaço, as mulhe­res outro mais atrás, os gentios atrás do muro. No culto ao Deus de Israel não existia dança, todavia no culto aos ídolos e falsos deuses a dança estava presente na liturgia, isso fica claro em Ex 32.19 onde o povo que acabara de sair do Egito começa a adorar o bezerro de ouro com danças.

Portanto, no culto do Antigo Testamento não existia dança, isso se dava somente no culto aos deuses pagãos

3.ENSINO DO NOVO TESTA­MENTO
A parabola do filho perdido faz uma referência sobre dança, todavia não como caráter doutrinario, mas demonstrando tão somente um costume do folclore judaico, sendo assim, esse texto, outrossim, não pode ser usado como doutrina.
Em Lc 23.36 aparece no original da palavra escarneciam a palavra grega “empaizo” que é oriúnda de dançar, gracejar, etc. O que os soldados fizeram com Jesus foi uma espécie de dança satânica, por isso, a dança não poderia entrar como forma de culto da igreja primitiva, por se tratar de um costume pagão.
Portanto, não encontramos no Novo testamento nenhum apostolo, nenhum membro da igreja primitiva e nem Jesus dançando ou ensinando alguém a fazê-lo em um culto de adoração a Deus. 



Não há respaldo Bíblico.

4. ANÁLISE EXEGÉTICA
Ora, o fato de Davi e Mirian terem dançado não significa de modo algum que podemos trazer isso como prática para a igreja neotestamentária, se assim fora o fato de o povo de Deus ter guardado o sábado, rasgado suas vestes, etc, no Antigo Testamento nos obrigaria a fazê-lo também. Primeiro que, quando Mirian dançou, ela havia acabado de sair do Egito, mostrando que sua dança era algo que ela havia aprendido no Reino de faraó. Segundo porque, quando Davi dançou diante da arca essa palavra dança pode ser traduzida como pular, zombar,etc, e isso aconteceu fora do culto litúrgico.

5. ANÁLISE ECLESIOLÓGICA
Estudando a eclesiologia encontramos os vários ministérios que Jesus instituiu na Igreja.O Novo Testamento revela-nos todos os ministérios existentes na igreja, a saber: Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres(Ef 4.11); há também uma lista em 1Co 12.28. Não encontramos nenhum respaldo bíblico para dizer que existe um “ministério de dança ou de coreografia”. 



Encontre a palavra dança em I Co 14.26!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O problema do julgar: Até onde ir com a tolerância?


"Quem é você para julgar teu próximo? Acaso estás se colocando na posição de Deus?"

Um dos argumentos mais usados em debates apologéticos, em quaisquer fóruns de debates - cristãos e não cristãos - versa sobre a questão do julgamento. Boa parte deles é derivada da famosa passagem bíblica, tratada como se texto de lei fosse: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mateus 7:1-5). Acontece que, como sabemos, muitos equívocos são cometidos quando alguém tira a passagem bíblica de seu contexto, e termina por deturpar o ensino bíblico sobre a questão do julgamento.

1. Da necessidade de julgar
Afinal, qual a raiz do problema? O ser humano, até como instinto de autoproteção, começa a colocar - ou até a impor - freios numa situação de conflito. É, de fato, desagradável uma sensação de antagonismo, vinda de quem quer que seja. Se a pessoa consegue se armar, inclusive psicologicamente, é um bom aspecto; difícil é quando a pessoa se sente acuada, sem ter como enfrentar a força contrária. Restam-lhe alternativas possíveis: render-se, atacar ou o escape. Render-se fica sem cogitação; atacar só é possível com as armas certas; daí que lhe vem, até como meio instintivo de sobrevivência, buscar um escape. Nisso vem a problemática do "não julgar" que, como colocado pelo argumento da tolerância, não possui qualquer validade, senão é uma tentativa errônea e grosseira de se fugir de uma questão.
Esse instinto de sobrevivência, em nome da cordialidade e da tolerância, mascara por vezes uma atitude arrogante de quem não admite a perda, diante de evidências ou argumentos mais fortes. Escorar-se numa pretensa base bíblica não conduz a nada, mas acaba sendo uma alternativa contra quem levanta o argumento e também não está devidamente protegido contra a "falácia do não julgar". Falácia é um argumento que possui a aparência de verdade e legitimidade, mas que no fundo esconde uma enorme mentira.
A cordialidade e a tolerância, levada a limites fora da normalidade, conduz a um comportamento incoerente e insensato. O crente é levado pelo seu Senhor a provar pensamentos e atitudes, a exercer suas faculdades mentais para promover uma análise de tudo o que se lhe apresenta aos olhos. Não fosse assim, Paulo não teria recomendado aos crentes: "Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5:21). Em outra passagem, o mesmo Paulo exorta aos coríntios: "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2 Coríntios 13:5). Os crentes de Bereia examinavam as Escrituras para conferir se o que os apóstolos ensinavam era, de fato, verdade (Atos 17:11). Jesus mesmo manda que exerçamos nosso discernimento, examinando as Escrituras (João 5:39). Examinar, analisar, pesquisar, procurar, são atitudes do intelecto, que precisa exercer sua capacidade de juízo. Julgar, então, é necessidade de quem caminha com Jesus. Obedece-se aos mandamentos somente por meio da análise de uma situação real e com o juízo transformado pelo poder da Palavra de Deus, a fim de se produzir uma atitude. Se o crente não pudesse julgar, como viveria a realidade dos mandamentos de Cristo? Seria ele submisso a dogmas, impostos por um deus raivoso e mesquinho, que se preocupa tão somente em exigir comportamentos diversos de uma civilização, já corrompida pelo pecado? Entendemos que não. Deus sempre mostra, por toda a Bíblia, que sua Palavra tem finalidade educativa. Os versículos áureos sobre a importância das Escrituras demonstram plenamente esse fator: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3:16-17).
Vê-se, então, que há coerência na atividade do julgar, inclusive por necessidade de se viver uma vida cristã autêntica, com plena capacidade de discernimento, orientado em obediência às Escrituras. Outro aspecto é a condução necessária do crente na atividade julgadora, uma vez que ele deva examinar todas as coisas e reter o que é bom. Sendo assim, por que pautar-se numa suposta tolerância e expressão de cordialidade para supostamente eviatr um confronto?

2. Do julgamento justo
Aparentemente a tolerância ensinada por Jesus deva ser observada em quaisquer circunstâncias. Cita-se também a passagem em que Jesus liberta a mulher adúltera, partindo-se do seguinte encadeamento de ideias: "Jesus condenou quem tivesse pecado e perdoou a adúltera - Ora, Jesus tem o poder de julgar alguém, e sou pecador - Logo, eu não posso julgar ninguém". Esse raciocínio também é falacioso. A inferência à primeira afirmativa não leva em consideração que Jesus usou-se de um julgamento com um importante adjetivo: "justo". Nisso ele exerceu um julgamento coerente, dada a situação em que se apresentava a condenação pura e simples de uma adúltera, sendo que seus algozes cometiam adultério e coisas até piores aos olhos de Deus às escondidas. O sentido do ensino de Jesus era demonstrar a força do perdão divino a quem cometeu uma série de pecados, não de produzir apenas um julgamento e execução de sentença conforme a Lei de Moisés. Caso ele apenas condenasse a adúltera, demonstrando somente a necessidade da aplicação da lei, que estaria fazendo, senão uma repetição de atos de pecadores, embora ele mesmo não tivesse pecado? Seu ensinamento estaria em franca contradição, ainda mais sendo Jesus conhecedor dos corações de cada um da multidão que se preparava para lapidar a mulher pega em adultério.
Com isso, havemos de discernir sobre o julgamento justo. Deus tem sua medida de justiça, e com ela exorta os homens: Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja?" (1 Coríntios 6: 2-4) Em todos os períodos há a certeza de que os santos haverão de julgar, seja o mundo, os anjos, ou até mesmo as coisas pertencentes a esta vida. O dever de um santo é julgar. Santo é aquele separado por Deus para constituir um povo eleito e para exercer, perante todos, as ordens de seu Pai celeste no que este comandar. Se isso deve ser feito até entre irmãos - versículo 5: "Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?" - quanto mais no que diz respeito a outros assuntos, conforme a necessidade?
A restrição bíblica que se faz a esse respeito está exatamente no termo "justo". Julgamento sem justiça produz injustiça. Se Deus investe os seus santos crentes com a capacidade de a tudo julgarem, Ele o faz requerendo justiça; caso contrário, não é julgamento que proceda do Deus cujo nome é Justiça. Deus requer que o homem faça justiça: "Assim diz o SENHOR: Guardai o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, para se manifestar" (Isaías 56:1). Repare o leitor acerca da importância de se praticar a justiça, a fim de que a própria justiça divina se manifeste. Não fosse assim, por que Deus incluiria na lei mosaica o mandamento de não se fazer injustiça no juízo (Levítico 19:15)? O justo age exatamente como o salmista: "Fiz juízo e justiça; não me entregues aos meus opressores." (Salmos 119:121). Deus ama a justiça e o juízo (Salmos 33:5); naturalmente, seus filhos amados haverão de observá-la e exercê-la e, ao agirem assim, nada mais farão do que a vontade do Pai.
Sendo assim, fazer julgamentos e exercer a justiça é próprio de quem caminha com Deus, conquanto o faça com a mesma motivação justa de seu Pai celeste. Se, porventura, o crente distorce a justiça, e passa a julgar por seu próprio entendimento, sem que haja fundamento baseado na verdade da Palavra de Deus, ele proferirá um julgamento injusto. Ele se tornará um hipócrita, que não enxerga as próprias falhas e vê as menores praticadas por seu irmão, assim como Jesus diz no texto de Mateus 7. Ele se tornará inimigo da verdade e condenado a suportar o mesmo fardo de justiça que tentou impor a quem não tinha culpa. Nisso estão as opiniões puramente pessoais, baseadas por vezes em suposições preconceituosas e relegadas a costumes, sem qualquer embasamento bíblico; isso também esconde um comportamento legalista ou ascético, que impõe a dureza da letra da lei para que o incauto, debaixo de uma força normativa, venha a se calar e a acatar os mandamentos como lhe são apresentados, sem ponderar. O mesmo comportamento legalista é aquele que provoca a simples conclusão de que "o crente não deve julgar", contrariando João 7:24: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça".
Outro texto usado pelos defensores do "não julgar" encontra-se em Romanos 14:10: "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo". A solução para esse aparente problema encontra-se justamente na segunda questão: "por que desprezas teu irmão?" Ora, se há desprezo por parte de quem julga, então o julgamento é parcial, interesseiro. Logo, não é justo, e não deve ser feito. O julgamento com justiça persiste, portanto.

3. O comodismo e os perigos da tolerância
O comportamento legalista de comandar um "não julgamento" encerra dois perigos: o de produzir comodismo e o de tolerar o pecado. A postura cômoda de não enfrentar uma ideia antagônica torna-se perigosa por produzir indiferença quanto à verdade. Exalta-se a ignorância, com o pretenso argumento de que "no dia do Juízo Deus trará a lume todas as coisas, e que para isso não estamos preparados". Ora, Deus nos deu discernimento para usá-lo; se não o fazemos, cometemos pecado. O fato, ademais, de não termos como vislumbrar um julgamento futuro de todas as coisas não nos dá o direito de ignorarmos o ensino do exercício do juízo, inclusive para assuntos relacionados à nossa jornada nesta terra. E ainda: exercemos nesta vida propósitos e promessas que nos são dadas por Deus, e para tanto ele dá pessoas como juízes, inclusive para executar juízos em seu Nome. Relegar ao "etéreo" é uma forma de escapar da realidade, um recurso ridículo diante da seriedade com que a justiça divina deva ser levada. Por pura negligência, causada pelo comodismo, ações não são corrigidas hoje, e com isso mais vítimas são feitas pelas obras da injustiça.
Além disso, busca-se evitar o conflito pela pretensa tolerância. Comportamentos, organizações e fatos têm clara omissão em nome de uma cordialidade que não deveria existir. Deus chama os pecados pelo nome, e assim deve ser para conosco. Não se defende a "falta de educação", tampouco a falta de compromisso trazida pela tolerância exacerbada. Esse comportamento esconde medo do confronto, de uma indesejável exposição, afora outras consequências advindas de um comportamento mais ousado, desde que esteja seguramente pautado pela Palavra de Deus. O crente deve repudiar a tolerância a qualquer custo: por conta de não agir dessa maneira, toleram-se comportamentos mundanos no seio da igreja, a penetração de doutrinas estranhas que dividem o povo, a semelhança cada vez maior de cultos com shows e espetáculos produzidos por ímpios, dentre outras características que trazem repulsa ao Senhor e serão objeto de julgamento naquele Dia. E se somos do Senhor, devemos repudiar exatamente as mesmas obras, sob pena de sermos julgados pecadores por conivência ao aceitarmos conscientemente algo que Deus condena. O limite da tolerância está naquilo que contrarie, ainda que sutilmente, os ensinamentos das Escrituras. O pecado deve ser tratado como pecado, não como um "sentimento negativo" ou uma "energia do mal". Erros doutrinários devem ser tratados como problemas passíveis de eliminação da seara do Senhor. Tais ideias podem soar como "radicais", mas o ensino de Cristo é radical! Se não fosse assim, por que a Palavra foi comparada como espada? Jesus trouxe a espada, não a paz da falsa tolerância! Não se pode tolerar o pecado: caso tivessem sido tolerantes, Ló e sua família jamais teriam escapado de Sodoma.

Conclusões
Dessa maneira, podemos concluir que:

■Julgar não é um mau em si mesmo, pois a tudo devemos examinar e reter o que é bom.
■Julgar é necessário, pois é coerente com o discernimento que possuímos da parte de Deus.
■Julgar não é tarefa exclusiva de Deus, pois se O imitamos, temos dele a propriedade para exercer juízo sobre todas as coisas.
■Julgar, porém, deve ser feito sob o exercício da justiça, para não produzir o efeito contrário.
■Julgar, ainda que contrarie o argumento da pretensa tolerância, deve ser efetivado, pois o crente verdadeiro não concorda com aquilo que a Bíblia chama de pecado, tampouco vem a exercer, em sua vida particular, comportamentos que o levem a ser incluído entre os mentirosos e os hipócritas.
■Julgar é um ato de obediência à verdade e de amor a Deus, pois Ele é justo e ama a justiça.

Dessa maneira, que ninguém venha a condenar o leitor na sua nobre e necessária atividade de julgar. Que isso seja feito em plenitude, de modo justo e imparcial. Quem é de Deus não se dobrará à chantagem de um argumento que, baseado na mentira, no egoísmo, na falsidade e na corrupção, tenta promover exatamente o contrário da justiça: a tolerância com o erro.